Uma nova pesquisa diz ter mostrado que as mitocôndrias (as usinas de energia das células) são, ao mesmo tempo, a base da existência do câncer e o calcanhar de aquiles da doença.
É uma afirmação grandiosa, que ainda precisa de mais estudos para ser comprovada, mas o trabalho coordenado por Michael Lisanti, da Universidade Thomas Jefferson (EUA), traz dados intrigantes sobre a ação dos tumores --um comportamento que tem algo de vampiresco.
Danilo Bandeira/Editoria de arte/Folhapress | ||
Usando amostras de cânceres de mama, cercadas de tecido saudável, não afetado pelo tumor, os cientistas verificaram que as células tumorais aparentemente estavam "sugando" as sadias, usando-as como combustível para suas mitocôndrias.
SINAIS SUSPEITOS
Esses "pulmões" celulares são responsáveis por usar o oxigênio para produzir energia.
Em laboratório, os pesquisadores americanos buscaram, nas células tumorais e nas suas vizinhas sadias, sinais das substâncias produzidas pelas mitocôndrias.
O que eles viram é que, enquanto as células de câncer apresentavam marcas de altíssima atividade das mitocôndrias, as sadias no entorno estavam quase ou totalmente paradas, com pouca ação mitocondrial.
Além disso, as células sem a doença estavam repletas de substâncias químicas que indicavam um "desmanche" celular. Era como se elas estivessem se desmontando e mandando matérias-primas para as células cancerosas.
Por isso, a pesquisa compara a relação entre os dois tipos de célula à interação entre um parasita e seu hospedeiro --com o câncer no papel parasitário, claro.
A estratégia óbvia para acabar com a brincadeira envolveria o uso de drogas que inibam a atividade das mitocôndrias, já que elas afetariam o tumor seletivamente.
Por sorte, esse tipo de remédio já existe, sendo usado contra diabetes, por exemplo. Se o estudo estiver correto, não deve ser muito difícil levar a ideia para os hospitais.
A pesquisa está na revista científica "Cell Cycle".
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